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11 Melhores Fábulas de Monteiro Lobato

  • Foto do escritor: Jéssica Iancoski
    Jéssica Iancoski
  • 5 de mai. de 2020
  • 9 min de leitura

Reunimos neste post as 11 melhores fábulas de Monteiro Lobato.


Monteiro Lobato é um dos escritores mais brilhantes do brasil.


Confira as histórias infantis!


Quais são as melhores fábulas de Monteiro Lobato?



melhores fabulas de monteiro lobato
11 Fábulas de Monteiro Lobato (Fábula Infantil: Monteiro Lobato/Jejéqui Lê)

1. A Corrida de Sapinhos

Era uma vez uma corrida de sapinhos.


Eles tinham que subir uma grande ladeira e, do lado havia uma grande multidão, muita

gente que vibrava com eles.


Começou a competição.


A multidão dizia:


– Não vão conseguir! Não vão conseguir!


Os sapinhos iam desistindo um a um, menos um deles que continuava subindo. E a multidão a aclamar:


– Não vão conseguir! Não vão conseguir!


E os sapinhos iam desistindo, menos um, que subia tranquilo, sem esforço.


No final da competição, todos os sapinhos desistiram, menos aquele.


Todos queriam saber o que aconteceu, e quando foram perguntar ao sapinho como ele conseguiu chegar até o fim, descobriram que ele era SURDO!

Moral da História: Quando queremos fazer alguma coisa que precise de coragem não devemos escutar as pessoas que falam que você não vai conseguir. Seja surdo aos apelos negativos.


2. O Macaco e O Gato

Simão, o macaco, e Bichano, o gato, moram juntos na mesma casa. E pintam o sete. Um furta coisas, remexe gavetas, esconde tesourinhas, atormenta o papagaio; outra arranha os tapetes, esfiapa as almofadas e bebe o leite das crianças.


Mas, apesar de amigos e sócios, o macaco sabe agir com tal maromba que é quem sai ganhando sempre.

Foi assim no caso das castanhas.

A cozinheira pusera a assar nas brasas umas castanhas e fora à horta colher temperos. Vendo a cozinha vazia, os dois malandros se aproximaram. Disse o macaco:

– Amigo Bichano, você que tem uma pata jeitosa, tire as castanhas do fogo.

O gato não se fez insistir e com muita arte começou a tirar as castanhas.

– Pronto, uma…

– Agora aquela lá… Isso. Agora aquela gorducha… Isso. E mais a da esquerda, que estalou…


O gato as tirava, mas quem as comia, gulosamente, piscando o olho, era o macaco…


De repente, eis que surge a cozinheira, furiosa, de vara na mão.


– Espere aí, diabada!…

Os dois gatunos sumiram-se aos pinotes.

– Boa peça, hem? — disse o macaco lá longe.


O gato suspirou:


– Para você, que comeu as castanhas. Para mim foi péssima, pois arrisquei o pelo e fiquei em jejum, sem saber que gosto tem uma castanha assada…


Moral da História: O bom-bocado não é para quem o faz, é para quem o come.


A Garça Velha monteiro Lobato
A Garça Velha (Fábula: Monteiro Lobato/Jejéqui Lê)

3. A Garça Velha

Certa garça nascera, crescera e sempre vivera à margem duma lagoa de águas turvas, muito rica em peixes. Mas o tempo corria e ela envelhecia. Seus músculos cada vez mais emperrados, os olhos cansados – com que dificuldade ela pescava!


– Estou mal de sorte, e se não topo com um viveiro de peixes em águas bem límpidas, certamente que morrerei de fome. Já se foi o tempo feliz em que meus olhos penetrantes zombavam do turvo desta lagoa…

E de pé num pé só, o longo bico pendurado, pôs-se a matutar naquilo até que lhe ocorreu uma idéia.

– Caranguejo, venha cá! – disse ela a um caranguejo que tomava sol à porta do seu buraco.

– Às ordens. Que deseja?

– Avisar a você duma coisa muito séria. A nossa lagoa está condenada. O dono das terras anda a convidar os vizinhos para assistirem ao seu esvaziamento e o ajudarem a apanhar a peixaria toda. Veja que desgraça! Não vai escapar nem um miserável guaru.

O caranguejo arrepiou-se com a má notícia. Entrou na água e foi contá-la aos peixes.

Grande rebuliço. Graúdos e pequeninos, todos começaram a pererecar às tontas, sem saberem como agir. E vieram para a beira d’água.

– Senhora dona do bico longo, dê-nos um conselho, por favor, que nos livre da grande calamidade.

– Um conselho?

E a matreira fingiu refletir. Depois respondeu.

– Só vejo um caminho. É mudarem-se todos para o poço da Pedra Branca.

– Mudar-se como, se não há ligação entre a lagoa e o poço?

– Isso é o de menos. Cá estou eu para resolver a dificuldade. Transporto a peixaria inteira no meu bico.


Não havendo outro remédio, aceitaram os peixes aquele alvitre – e a garça os mudou a todos para o tal poço, que era um tanque de pedra, pequenininho, de águas sempre límpidas e onde ela sossegadamente poderia pescá-los até o fim da vida.


Moral da História: Ninguém acredite em conselho de inimigo.


4. A Onça Doente

A onça caiu da árvore e por muitos dias esteve de cama seriamente enferma. E como não pudesse caçar, padecia fome das negras.


Em tais apuros imaginou um plano.


– Comadre irara – disse ela – corra o mundo e diga à bicharia que estou à morte e exijo que venham visitar-me.


A irara partiu, deu o recado e os animais, um a um, principiaram a visitar a onça.


Vem o veado, vem a capivara, vem a cutia, vem o porco do mato.


Veio também o jabuti.


Mas o finório jabuti, antes de penetrar na toca, teve a lembrança de olhar o chão. Viu na poeira só rastos entrantes, não viu nenhum rastro sainte. E desconfiou:


– Hum!… Parece que nesta casa quem entra não sai. O melhor, em vez de visitar a nossa querida onça doente, é ir rezar por ela…


E foi o único que se salvou.


Moral da História: contra esperteza, uma esperteza e meia.


5. Pau de Dois Bicos

Um morcego estonteado pousou certa vez no ninho da coruja, e ali ficaria de dentro se a coruja ao regressar não investisse contra ele.


– Miserável bicho! Pois te atreves a entrar em minha casa, sabendo que odeio a família dos ratos?

– Achas então que sou rato? Não tenho asas e não vôo como tu? Rato, eu? Essa é boa!…

A coruja não sabia discutir e, vencida de tais razões, poupou-lhe a pele.

Dias depois, o finório morcego planta-se no casebre do gato-do-mato. O gato entra, dá com ele e chia de cólera.

– Miserável bicho! Pois te atreves a entrar em minha toca, sabendo que detesto as aves?

– E quem te disse que sou ave? – retruca o cínico – sou muito bom bicho de pêlo, como tu, não vês?

– Mas voas!…

– Vôo de mentira, por fingimento…

– Mas tem asas!


– Asas? Que tolice! O que faz a asa são as penas e quem já viu penas em morcego? Sou animal de pêlo, dos legítimos, e inimigo das aves como tu. Ave, eu? É boa…

O gato embasbacou, e o morcego conseguiu retirar-se dali são e salvo.

Moral da História: O segredo de certos homens está nesta política do morcego. É vermelho? Tome vermelho. É branco? Viva o branco!


6. O Ratinho, O Galo e O Gato

Certa manhã, um ratinho saiu do buraco pela primeira vez. Queria conhecer o mundo e travar relações com tanta coisa bonita de que falavam seus amigos. Admirou a luz do sol, o verdor das árvores, a correnteza dos ribeirões, a habitação dos homens. E acabou penetrando no quintal duma casa da roça.

— Sim senhor! É interessante isto!

Examinou tudo minuciosamente, farejou a tulha de milho e a estrebaria. Em seguida, notou no terreiro um certo animal de belo pêlo, que dormia sossegado ao sol.

Aproximou-se dele e farejou-o, sem receio nenhum. Nisto, aparece um galo, que bate as asas e canta. O ratinho, por um triz, não morreu de susto. Arrepiou-se todo e disparou como um raio para a toca.

Lá contou à mamãe as aventuras do passeio.

— Observei muita coisa interessante — disse ele. — Mas  nada me impressionou tanto como dois animais que vi no terreiro.

Um de pelo macio e ar bondoso, seduziu-me logo. Devia ser um desses bons amigos da nossa gente, e lamentei que estivesse a dormir impedindo-me de cumprimenta-lo. O outro… Ai, que ainda me bate o coração! O outro era um bicho feroz, de penas amarelas, bico pontudo, crista vermelha e aspecto ameaçador. Bateu as asas barulhentamente, abriu o bico e soltou um có-ri-có-có tamanho, que quase caí de costas. Fugi. Fugi com quantas pernas tinha, percebendo que devia ser o famoso gato, que tamanha destruição faz no nosso povo.

A mamãe rata assustou-se e disse:

— Como te enganas, meu filho! O bicho de pêlo macio e ar bondoso é que é o terrível gato. O outro, barulhento e espaventado, de olhar feroz e crista rubra, filhinho, é o galo, uma ave que nunca nos fez mal. As aparências enganam. Aproveita, pois, a lição e fica sabendo que:


Moral da História: Quem vê cara não vê coração.


o pastor e o leão monteiro lobato
O Pastor e O Leão (Fábula Infantil: Monteiro Lobato/Jejéqui Lê)

7. O Pastor e O Leão

Um pastorzinho, notando certa manhã a falta de várias ovelhas, enfureceu-se, tomou da espingarda e saiu para a floresta.

— Raios me partam se eu não trouxer, vivo ou morto, o miserável ladrão das minhas ovelhas! Hei de campear dia e noite, hei de encontrá-lo, hei de arrancar-lhe os fígados...

E assim, furioso, a resmungar as maiores pragas, consumiu longas horas em inúteis investigações.


Cansado já, lembrou-se de pedir socorro aos céus.


— Valei-me, Santo Antônio! Prometo-vos vinte reses se me fizerdes dar de cara com o infame salteador.


Por estranha coincidência, assim que o pastorzinho disse aquilo apareceu diante dele um enorme leão, de dentes arreganhados.

O pastorzinho tremeu dos pés à cabeça; a espingarda caiu-lhe das mãos; e tudo quanto pôde fazer foi invocar de novo o santo.


— Valei-me, Santo Antônio! Prometi vinte reses se me fizésseis aparecer o ladrão; prometo agora o rebanho inteiro para que o façais desaparecer.

Moral da História: No momento do perigo é que se conhecem os heróis.


8. A Coruja e A Águia

Coruja e águia, depois de muita briga resolveram fazer as pazes.


— Basta de guerra — disse a coruja.

— O mundo é grande, e tolice maior que o mundo é andarmos a comer os filhotes uma da outra.

— Perfeitamente — respondeu a águia.

— Também eu não quero outra coisa.

— Nesse caso combinemos isso: de agora em diante não comerás nunca os meus filhotes.

— Muito bem. Mas como posso distinguir os teus filhotes?

— Coisa fácil. Sempre que encontrares uns borrachos lindos, bem feitinhos de corpo, alegres, cheios de uma graça especial, que não existe em filhote de nenhuma outra ave, já sabes, são os meus.


— Está feito! — concluiu a águia

Dias depois, andando à caça, a águia encontrou um ninho com três monstrengos dentro, que piavam de bico muito aberto.

— Horríveis bichos! — disse ela. — Vê-se logo que não são os filhos da coruja.

E comeu-os.

Mas eram os filhos da coruja. Ao regressar à toca a triste mãe chorou amargamente o desastre e foi ajustar contas com a rainha das aves.

— Quê? — disse esta admirada. — Eram teus filhos aqueles monstrenguinhos? Pois, olha não se pareciam nada com o retrato que deles me fizeste...


Moral da história: Para retrato de filho ninguém acredite em pintor pai. Já diz o ditado: quem ama o feio, bonito lhe parece.


9. O Leão e O Ratinho

Ao sair do buraco viu-se um ratinho entre as patas de um leão.  Estacou, de pelos em pé, paralisado pelo terror.  O leão, porém, não lhe fez mal nenhum.

— Segue em paz, ratinho; não tenhas medo do teu rei.


Dias depois o leão caiu numa rede.  Urrou desesperadamente, debateu-se, mas quanto mais se agitava mais preso no laço ficava.

Atraído pelos urros, apareceu o ratinho.


— Amor com amor se paga – disse ele lá consigo e pôs-se a roer as cordas.  Num instante conseguiu romper uma das malhas.  E como a rede era das tais que rompida a primeira malha as outras se afrouxam, pode o leão deslindar-se e fugir.

Moral da História: Mais vale paciência pequenina do que arrancos de leão.


o lobo velho monteiro lobato
O Lobo Velho (Fábula Infantil: Monteiro Lobato/Jejéqui Lê)

10. O Lobo Velho

Adoecera o lobo e, como não pudesse caçar, curtia na cama de palha a maior fome de sua vida. Foi quando lhe apareceu a raposa.


– Bem-vinda seja, comadre! É o céu que a manda aqui. Estou morrendo de fome e se alguém não me socorre, adeus, lobo!

– Pois espere aí que já arranjo uma rica petisqueira – respondeu a raposa com uma ideia na cabeça.

Saiu e foi para a montanha onde costumavam pastar as ovelhas. Encontrou logo uma, desgarrada.

– Viva anjinho! Que faz por aqui, tão inquieta? Está a tremer…

– É que me perdi e tremo de medo do lobo.

– Medo do lobo? Que bobagem! Pois ignora que o lobo já fez as pazes com o rebanho?

– Que me diz?

– A verdade, filha. Venho da casa dele, onde conversamos muito tempo. O pobre lobo está na agonia e arrependido da guerra que moveu às ovelhas. Pediu-me que dissesse isto a vocês e as levasse lá, todas a fim de selarem um pacto de reconciliação.

A ingênua ovelhinha pulou de alegria. Que sossego dali por diante, para ela e as demais companheiras! Que bom viver assim, sem o terror do lobo no coração!


Enternecida disse:

– Pois vou eu mesma selar o acordo.

Partiram. A raposa, à frente, conduziu-a à toca da fera. Entraram. Ao da com o lobo estirado no catre, a ovelhinha por um triz que não desmaiou de medo.

– Vamos – disse a raposa -, beije a pata do magnânimo senhor! Abrace-o, menina!


A inocente, vencendo o medo, dirigiu-se para o lobo e abraçou-o. E foi-se a ovelha!


Moral da História: Muito padecem os bons que julgam os outros por si.


11. As Duas Cachorrinhas

Moravam no mesmo bairro. Uma era boa e caridosa; outra, má e ingrata.

A boa, como fosse diligente, tinha a casa bem arranjadinha; a má, como fosse vagabunda, vivia ao léu, sem eira nem beira.

Certa vez… a má, em véspera de dar cria, foi pedir agasalho à boa:

– Fico aqui num cantinho até que meus filhotes possam sair comigo. É por eles que peço…

A boa cedeu-lhe a casa inteira, generosamente.

Nasceu a ninhada, e os cachorrinhos já estavam de olhos abertos quando a dona da casa voltou.

– Podes entregar-me a casa agora?

A má pôs-se a choramingar.

– Ainda não, generosa amiga. Como posso viver na rua com filhinhos tão novos? Conceda-me um novo prazo.

A boa concedeu mais quinze dias, ao termo dos quais voltou.

– Vai sair agora?


– Paciência, minha velha, preciso de mais um mês.


A boa concedeu mais quinze dias; e ao terminar o último prazo voltou.


Mas desta vez a intrusa, rodeada dos filhos já crescidos, robustos e de dentes arreganhados, recebeu-a com insolência:

– Quer a casa? Pois venha tomá-la, se é capaz…


Moral da História: Para os maus, pau!


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