A Lenda da Gralha Azul - Jéssica Iancoski | Folclore Paraná
- Jéssica Iancoski
- 28 de out. de 2020
- 4 min de leitura
Lenda da Gralha Azul do folclore paranaense na versão de Jéssica Iancoski.
A História Infantil em Áudio foi gravada para o Podcast Histórias Para Dormir.
Conta sobre uma ave que não se sentia grande coisa e só achava que tinha defeitos!
Até que percebe algo importante sobre si...
O que será?
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História Infantil em Áudio: A Lenda da Gralha Azul
Há muito e muito tempo, no sul do Brasil, no estado do Paraná, existia uma gralha toda pretinha e muito esquecida!
Ela não se sentia grande coisa e vivia cabisbaixa pensando consigo:
- Eu sou muito parecida com qualquer outra ave, não me destaco em nada! Não sou a mais bonita e nem a maior… Eu queria ser especial! A única coisa que tenho de diferente é um defeito, sou muito esquecida. Nunca consigo lembrar em que lugar deixei a minha comida, ou o que eu tenho para fazer… Aiii…
E para complicar ainda mais a cabeça da coitadinha, as outras aves viviam implicando com ela:
- Vê se não é a ave esquecida! - dizia o Papagaio - Eu, por outro lado, consigo decorar centenas de palavras humanas!
- Vê se não é a ave toda pretinha e monocromática! - dizia a Arara - Eu, por outro lado, sou cheia de cores, um espetáculo!
- Vê se não é a ave sem nenhum talento - dizia o Tangará-dançarino - Eu, por outro lado, danço como nenhuma outra ave!
E era assim, um desaforo atrás do outro todos os dias! Todas as outras aves não se cansavam de dizer para a Gralha o quanto ela era inferior e o quanto elas eram grandiosas.
E a Gralha pretinha foi ficando muito triste e a cada dia mais tristinha…
Até que chegou o dia em que ela não conseguia levantar do ninho e passava os dias ali, em cima de uma Araucária - o “pinheiro-do-paraná” - se escondendo do mundo só para não ser lembrada do quanto ela era normalzinha demais.
Chegou o tempo que ela só se levantava para comer. Então, todo dia, ela ia lá, pegava um pinhão, comia a pontinha e enterrava o resto para comer mais tarde. E como tinha medo de que outros animais encontrassem o que tinha sobrado do alimento, camuflava o lugar com folhas, galhinhos e pedrinhas.
E ela escondia tão bem que não conseguia encontrar depois e muito menos se lembrar em qual lugar tinha guardado. Já que era esquecida…
E, sendo assim, a Gralha precisava repetir isto todas as manhãs.
Ela passou vários dias nessa rotina: encolhidinha no ninho, só se levantando para se alimentar de pinhão!
Só não passou mais dias porque apareceu um lenhador e começou a tombar a árvore em que ela vivia:
- FLAPTTTT, FLAPTTTT - fazia o machado do homem.
- ZRUUUUMMM - fazia a serra elétrica.
Até que “IOOOOOONNNN” a árvore caiu.
Bem nesta hora, a Gralha saiu voando, ainda mais triste e inconsolável, o mais alto no céu que conseguiu.
Quando já estava bem alto, ela ficava se perguntando:
- Por que tudo sempre dá errado para mim? Que vida mais desgraçada a minha! Não posso nem ficar na minha que, ainda sim, o mundo insiste em me machucar! Céus, o que devo fazer agora?
TANANANANAM.
Foi quando de repente… Lá do fundo, do céu, do vento, de dentro, tanto faz, surgiu a voz da sabedoria dizendo:
- Segue a tua vida, Gralha! Não há nada de errado com você, você é perfeita do jeito que é! É uma pena que você não consiga perceber isso!
- Como assim eu sou perfeita? Eu não tenho a memória do papagaio, eu não sou bonita como a arara e nem tenho o talento do Tangará… Aliás, quem é você e por qual razão me diz o que me diz?
- Ôoo Gralhinha… Eu sou a voz da sabedoria, oras! Alguns me chamam de Deus, outros de natureza, outros de chamado interior… A verdade é que não importa quem eu sou, mas importa o que eu te digo. Por isto, reforço, você é perfeita! E se é “esquecida” é por alguma razão.
- E que razão seria essa? Você está dizendo que na verdade o meu “defeito” é, também, a minha qualidade?
- Exatamente, bonitinha! É só que ainda você não percebeu… Sabe o que acontece com os pinhões que você se esquece onde enterrou? Eles brotam, crescem e se transformam em árvores! Você ajuda a preservar as florestas…. plantando.
- Isto quer dizer que se eu me lembrasse em que lugar deixei a minha comida, existia menos árvores no mundo?
- Sim! Porque você voltaria lá para comer…
Depois de dizer isso, a voz sumiu, tão misteriosamente quanto apareceu, deixando plantado um novo sentimento dentro da Gralha.
- Agora eu sei o meu propósito! - pensava a Gralha.
E sempre que alguma ave vinha encher o saco, ela enchia o peito de orgulho para dizer:
- Eu sou uma replantadora de araucária!
Desse dia em diante, a Gralha conseguiu encontrar a leveza da vida, ressignificando que o que ela compreendia como esquecimento, na verdade, era a sua missão.
E a Gralha se apegou tanto a essa sabedoria que vestiu a camisa:
Foi só a próxima troca de penas chegar que ela ganhou uma linda plumagem azul em todo o corpo, menos na cabeça, na parte frontal do pescoço e na parte superior do peito - exatamente como se ela literalmente tivesse vestido uma camiseta azul decotada.
Foi assim que A Gralha Azul surgiu.
E não é por acaso que ela se tornou uma das aves paranaenses mais importantes, pois a sua contribuição para a preservação da floresta de Araucárias, Árvore Símbolo do Paraná, é de suma importância.
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