23 Poemas Infantis | Poesia para Ler com Criança
- Jéssica Iancoski
- 16 de jun. de 2020
- 7 min de leitura
No Brasil a Poesia Infantil só conseguiu se consolidar há algumas décadas, consequência da marginalização da Literatura Infantil.
Por muito tempo a Literatura Infantil foi entendida como um gênero menor, ligado apenas a divertimento, a passatempo ou a ensinamento.
Foi justamente esse compreendimento equivocado que afetou a recepção da poesia destinada ao público infantil.
Contudo, há algum tempo, isto tem mudado em passinhos de formiguinhas.
A ruptura desse pensamento revitalizou os textos poéticos voltados ao publico infantil.
Mas ainda vemos muitos professores que continuam rejeitando a leitura de poesia na sala de aula, afirmando que as crianças não se interessam por esse gênero literário.
Será essa alegação bem fundamentada. Será que as crianças não gostam mesmo da poesia?
Acho pouco provável, embora eu entenda que há todos os tipos de crianças.
Mas uma coisa é certa:
O mundo infantil é como o mundo poético: repleto de imagens, fantasia e sensibilidade!
E privar o aluno do contato com a língua poética, seja ela lúdica ou sonora é problemático - uma vez que diminui as possibilidades semânticas e linguísticas das crianças.
A Poesia Infantil é sim um tipo de texto imprescindível para formação dos alunos.
Mas cuidado: de forma alguma a Poesia, bem como todos os textos de gêneros literários devem ser tratados como recursos pedagógicos, causando a escolarização da literatura infantil e resultado, como tem acontecido, em crianças que detestam ler ARRG!
Por isso evite perguntas sem sentido, fragmentações inadequadas e o tratamento impróprio do texto literário.
Na Poesia, o aprendizado vem da própria estrutura do poema, que envolve e estimula o leitor através de ritmos e efeitos acústicos - A BRINCADEIRA COM AS PALAVRAS - que o faz ter contato com as suas próprias representações ou vivências.
Toda a estrutura de um poema seja ela sonora, lúdica ou mágica faz emergir na criança formas de criatividade, fantasia e sensibilidade.
Por isso, é tão importante ajudar a desenvolver nos leitores infantis a competência para apreciar a linguagem poética - uma vez que ao estimular isto, esta ajudando a criança a desenvolver modos de a lidar um mundo particular interno próprio de ver, sentir e interpretar o mundo.
Por isto, separamos nesse Post algumas poesias infantis que podem ajudar nessa missão =P
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Poesia Infantil para ler com as Crianças
Separemos alguns poemas infantis para ler com as Crianças e trabalhar em sala de aula.
São ao todo 23 poesias de 23 escritores diferentes!
Vamos juntos conferir?
1. Cemitério (José Paulo Paes)
Aqui jaz um leão
chamado Augusto.
Deu um urro tão forte,
mas um urro tão forte,
que morreu de susto.
Aqui jaz uma pulga
chamada Cida.
Desgostosa da vida,
tomou inseticida:
Era uma pulga suiCida.
Aqui jaz um morcego
que morreu de amor
por outro morcego.
Desse amor arrenego:
amor cego, o de morcego!
Neste túmulo vazio
jaz um bicho sem nome.
Bicho mais impróprio!
tinha tanta fome,
que comeu-se a si próprio

2. Se o Saci Pererê Tivesse Piriri (Jéssica Iancoski)
Se o Saci
Pererê tivesse
Piriri...
Ele chamaria
A fadinha
Plim Plim
Para dizê:
Ôo Plim Plim
Tira isso de mim
Ôo Plim Plim
Qué que vô fazê
Ôo Plim Plim
Sô Saci Pererê
E você..
Não vai ri di mim...
Sô Saci Pererê
E tô com piriri.
Ôo Plim Plim
Tira isso de mim!
3. Bem no Fundo (Paulo Leminski)
No fundo, no fundo,
bem lá no fundo,
a gente gostaria
de ver nossos problemas
resolvidos por decreto
a partir desta data,
aquela mágoa sem remédio
é considerada nula
e sobre ela — silêncio perpétuo
extinto por lei todo o remorso,
maldito seja que olhas pra trás,
lá pra trás não há nada,
e nada mais
mas problemas não se resolvem,
problemas têm família grande,
e aos domingos saem todos a passear
o problema, sua senhora
e outros pequenos probleminhas.
4. Bagunça (Leo Cunha)
Bagunça rima com criança,
bagunça é prima da lambança,
bagunça dança, bailarina,
começa e nem sempre termina,
bagunça mansa,
essa menina,
descansa de pança pra cima.

5. Ou Isto ou Aquilo (Cecília Meireles)
Ou se tem chuva e não se tem sol ou se tem sol e não se tem chuva!
Ou se calça a luva e não se põe o anel, ou se põe o anel e não se calça a luva!
Quem sobe nos ares não fica no chão, quem fica no chão não sobe nos ares.
É uma grande pena que não se possa estar ao mesmo tempo em dois lugares!
Ou guardo o dinheiro e não compro o doce, ou compro o doce e gasto o dinheiro.
Ou isto ou aquilo: ou isto ou aquilo … e vivo escolhendo o dia inteiro!
Não sei se brinco, não sei se estudo, se saio correndo ou fico tranqüilo.
Mas não consegui entender ainda qual é melhor: se é isto ou aquilo.

6. Cultura (Arnaldo Antunes)
O girino é o peixinho do sapo.
O silêncio é o começo do papo.
O bigode é a antena do gato.
O cavalo é o pasto do carrapato.
O cabrito é o cordeiro da cabra.
O pescoço é a barriga da cobra.
O leitão é um porquinho mais novo.
A galinha é um pouquinho do ovo.
O desejo é o começo do corpo.
Engordar é tarefa do porco.
A cegonha é a girafa do ganso.
O cachorro é um lobo mais manso.
O escuro é a metade da zebra.
As raízes são as veias da seiva.
O camelo é um cavalo sem sede.
Tartaruga por dentro é parede.
O potrinho é o bezerro da égua.
A batalha é o começo da trégua.
Papagaio é um dragão miniatura.
Bactéria num meio é cultura
7. Pessoas São Diferentes (Ruth Rocha)
São duas crianças lindas
Mas são muito diferentes!
Uma é toda desdentada,
A outra é cheia de dentes...
Uma anda descabelada,
A outra é cheia de pentes!
Uma delas usa óculos,
E a outra só usa lentes.
Uma gosta de gelados,
A outra gosta de quentes.
Uma tem cabelos longos,
A outra corta eles rentes.
Não queira que sejam iguais,
Aliás, nem mesmo tentes!
São duas crianças lindas,
Mas são muito diferentes!
8. Guarda-Chuvas (Rosana Rios)
Tenho quatro guarda-chuvas todos os quatro com defeito; Um emperra quando abre, outro não fecha direito.
Um deles vira ao contrário seu eu abro sem ter cuidado. Outro, então, solta as varetas e fica todo amassado.
O quarto é bem pequenino, pra carregar por aí; Porém, toda vez que chove, eu descubro que esqueci…
Por isso, não falha nunca: se começa a trovejar, nenhum dos quatro me vale – eu sei que vou me molhar.
Quem me dera um guarda-chuva pequeno como uma luva Que abrisse sem emperrar ao ver a chuva chegar!
Tenho quatro guarda-chuvas que não me servem de nada; Quando chove de repente, acabo toda encharcada.
E que fria cai a água sobre a pele ressecada! Ai…
8. Mãe (Sergio Capparelli)
De patins, de bicicleta
de carro, moto, avião
nas asas da borboleta
e nos olhos do gavião
de barco, de velocípedes
a cavalo num trovão
nas cores do arco-íris
no rugido de um leão
na graça de um golfinho
e no germinar do grão
teu nome eu trago, mãe,
na palma da minha mão.

9. Pontinho de Vista (Pedro Bandeira)
Eu sou pequeno, me dizem, e eu fico muito zangado. Tenho de olhar todo mundo com o queixo levantado.
Mas, se formiga falasse e me visse lá do chão, ia dizer, com certeza: - Minha nossa, que grandão!
10. Ideal (Fagundes Varela)
Não és tu quem eu amo, não és!
Nem Teresa também, nem Ciprina;
Nem Mercedes a loira, nem mesmo
A travessa e gentil Valentina.
Quem eu amo te digo, está longe;
Lá nas terras do império chinês,
Num palácio de louça vermelha
Sobre um trono de azul japonês.
Tem a cútis mais fina e brilhante
Que as bandejas de cobre luzido;
Uns olhinhos de amêndoa, voltados,
Um nariz pequenino e torcido.
Tem uns pés... oh! que pés, Santo Deus!
Mais mimosos que uns pés de criança,
Uma trança de seda e tão longa
Que a barriga das pernas alcança.
Não és tu quem eu amo, nem Laura,
Nem Mercedes, nem Lúcia, já vês;
A mulher que minh'alma idolatra
É princesa do império chinês.
11. A Centopeia (Marina Colasanti)
Quem foi que primeiro teve a ideia de contar um por um os pés da centopeia?
Se uma pata você arranca será que a bichinha manca?
E responda antes que eu esqueça se existe o bicho de cem pés será que existe algum de cem cabeças?
12. Porquinho-da-Índia (Manuel Bandeira)
Quando eu tinha seis anos Ganhei um porquinho-da-índia. Que dor de coração me dava Porque o bichinho só queria estar debaixo do fogão! Levava ele pra sala Pra os lugares mais bonitos mais limpinhos Ele não gostava: Queria era estar debaixo do fogão. Não fazia caso nenhum das minhas ternurinhas...
— O meu porquinho-da-índia foi a minha primeira namorada.

13. Canção da Garoa (Mario Quintana)
Em cima do meu telhado,
Pirulin lulin lulin,
Um anjo, todo molhado,
Soluça no seu flautim.
O relógio vai bater;
As molas rangem sem fim.
O retrato na parede
Fica olhando para mim.
E chove sem saber por quê…
E tudo foi sempre assim!
Parece que vou sofrer:
Pirulin lulin lulin…
14. Menina Passarinho (Ferreira Gullar)
Menina passarinho, que tão de mansinho me pousas na mão Donde é que vens? De alguma floresta? De alguma canção?
Ah, tu és a festa de que precisava este coração!
Sei que já me deixas
e é quase certo que não voltas, não.
Mas fica a alegria de que houve um dia em que um passarinho me pousou na mão.

15. Espantalho (Almir Correia)
Homem de palha
coração de capim
vai embora
aos pouquinhos
no bico dos passarinhos
e fim.
16. Esperando Sarinha (Adélia Prado)
Sarah é uma linda menina ainda mal-acordada.
Suas pétalas mais sedosas estão ainda fechadas,
dormindo de bom dormir.
Quando Sarinha acordar,
vai pedir leite na xícara de porcelana pintada,
vai querer mel aos golinhos em colherinha de prata,
duas horas vai gastar fazendo trança e castelos.
Estou fazendo um vestido,
uma tarde linda e um chapéu,
pra passear com Sarinha,
quando Sarinha acordar.
17. Amarelinha (Maria da Graça Rios)
Maré mar
é maré
mare linha
sete casas a pincel.
Pulo paro
e lá vou
num pulinho
segurar mais um ponto
no céu.
18. A Boneca (Olavo Bilac)
Deixando a bola e a peteca, Com que inda há pouco brincavam, Por causa de uma boneca, Duas meninas brigavam.
Dizia a primeira: "É minha!" — "É minha!" a outra gritava; E nenhuma se continha, Nem a boneca largava.
Quem mais sofria (coitada!) Era a boneca. Já tinha Toda a roupa estraçalhada, E amarrotada a carinha.
Tanto puxaram por ela, Que a pobre rasgou-se ao meio, Perdendo a estopa amarela Que lhe formava o recheio.
E, ao fim de tanta fadiga, Voltando à bola e à peteca, Ambas, por causa da briga, Ficaram sem a boneca...
19. A Casa (Vinicius de Moraes)
Era uma casa
Muito engraçada
Não tinha teto
Não tinha nada
Ninguém podia
Entrar nela não
Porque na casa
Não tinha chão
Ninguém podia
Dormir na rede
Porque a casa
Não tinha parede
Ninguém podia
Fazer pipi
Porque penico
Não tinha ali
Mas era feita
Com muito esmero
Na Rua dos Bobos
Número Zero.
20. Receita de espantar a tristeza (Roseana Murray)
Faça uma careta e mande a tristeza pra longe pro outro lado do mar ou da lua
vá para o meio da rua e plante bananeira faça alguma besteira
depois estique os braços apanhe a primeira estrela e procure o melhor amigo para um longo e apertado abraço.
21. Rima, Rima, Rima, Rima (Cíntia Amorim)
A panela de pressão
Chia, chia, chia, chia
O pintinho pequenino
Pia, pia, pia, pia
O gatinho bagunceiro
Mia, mia, mia, mia
A menina lendo o livro
Ria, ria, ria, ria
(...)
A viola apaixonada
Chora, chora, chora, chora
E a moça envergonhada
Cora, cora, cora, cora
22. Camarão (José de Castro)
Camarão
grande
se chama camarão…
Pequeno, assim,
pode ser chamado
de camarim?
23. Estrelas (Ana Maria Machado)
Cinco pontas
cinco destinos
são areias tontas
de desatinos
Cinco sentidos
cinco caminhos
grãos tão moídos
por mares e moinhos
Estrela-guia
em alto mar
outra Maria
veio me chamar
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