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16 Poetas do Rio de Janeiro | Poesia Carioca e Fluminense

  • Foto do escritor: Jéssica Iancoski
    Jéssica Iancoski
  • 5 de jun. de 2020
  • 7 min de leitura

O Rio de Janeiro é um dos estados mais amados do Brasil, localizado na região sudeste.


Ele é rodeado por praias lindas, como Copacabana e Ipanema.


E alguns de seus principais pontos turístico são o Pão de Açúcar, a estátua do Cristo, o Museu de Arte Contemporânea de Niterói, a cidade colonial de Paraty e a Ilha Grande.


Esse estado brasileiro é também o berço de nascença de vários poetas famosos!


Vamos conferir?


Poetas do rio de janeiro poetisas carioca fluminense
Poetas do Rio de Janeiro (Poesia Brasileira: Jéssica Iancoski/Toma Aí Um Poema)

16 Poetas do Rio de Janeiro


Quem nasce na cidade do Rio de Janeiro é carioca e quem nasce o estado é fluminense...


Então, partiu conferir os poetas cariocas e fluminenses?



1. Cecília Meireles


Cecília Benevides de Carvalho Meireles foi uma jornalista, pintora, poeta, escritora e professora brasileira.


Ela nasceu em Rio Comprido em 1901.

Poema Retrato


Eu não tinha este rosto de hoje,

Assim calmo, assim triste, assim magro,

Nem estes olhos tão vazios,

Nem o lábio amargo.

Eu não tinha estas mãos sem força,

Tão paradas e frias e mortas;

Eu não tinha este coração

Que nem se mostra.


Eu não dei por esta mudança,

Tão simples, tão certa, tão fácil:

- Em que espelho ficou perdida

A minha face?


2. Machado de Assis


Joaquim Maria Machado de Assis foi um escritor brasileiro, considerado por muitos críticos, estudiosos, escritores e leitores um dos maiores senão o maior nome da literatura do Brasil. Para o crítico literário estadunidense Harold Bloom, Machado de Assis é o maior escritor negro de todos os tempos.


Ele nasceu na cidade do Rio de Janeiro em 1839.

Machado de assis foto poeta
Escritor Machado de Assis (Poesia Brasileira: Jéssica Iancoski/Toma Aí Um Poema)

Poema Livros e Flores


Teus olhos são meus livros.

Que livro há aí melhor,

Em que melhor se leia

A página do amor?


Flores me são teus lábios.

Onde há mais bela flor,

Em que melhor se beba

O bálsamo do amor?"


(Falenas – 1870)


3. Vinicius de Moraes


Marcus Vinicius de Moraes foi um poeta, dramaturgo, jornalista, diplomata, cantor e compositor brasileiro.


Ele nasceu em Gávea em 1913.

Soneto de Fidelidade


De tudo, ao meu amor serei atento

Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto

Que mesmo em face do maior encanto

Dele se encante mais meu pensamento.


Quero vivê-lo em cada vão momento

E em louvor hei de espalhar meu canto

E rir meu riso e derramar meu pranto

Ao seu pesar ou seu contentamento.


E assim, quando mais tarde me procure

Quem sabe a morte, angústia de quem vive

Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa me dizer do amor (que tive):

Que não seja imortal, posto que é chama

Mas que seja infinito enquanto dure.


(Estoril, outubro de 1939)


4. Olavo Bilac


Olavo Brás Martins dos Guimarães Bilac foi um jornalista, contista, cronista e poeta brasileiro, considerado o principal representante do parnasianismo no país.


Ele nasceu na cidade o Rio de Janeiro em 1865.


Soneto Ora Direi Ouvir Estrelas


Ora (direis) ouvir estrelas! Certo Perdeste o senso!" E eu vos direi, no entanto, Que, para ouvi-las, muita vez desperto E abro as janelas, pálido de espanto...


E conversamos toda a noite, enquanto A via-láctea, como um pálio aberto, Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto, Inda as procuro pelo céu deserto.


Direis agora: "Tresloucado amigo! Que conversas com elas? Que sentido Tem o que dizem, quando estão contigo?"


E eu vos direi: "Amai para entendê-las! Pois só quem ama pode ter ouvido Capaz de ouvir e de entender estrelas.


5. Casimiro de Abreu


Casimiro José Marques de Abreu foi um poeta brasileiro da segunda geração do romantismo.


Ele nasceu em Casimiro de Abreu em 1839.


Casimiro de Abreu poeta
Poeta Casimiro de Abreu (Poesia Brasileira: Jéssica Iancoski/Toma Aí Um Poema)

Poema Saudades


Nas horas mortas da noite

Como é doce o meditar

Quando as estrelas cintilam

Nas ondas quietas do mar;

Quando a lua majestosa

Surgindo linda e formosa,

Como donzela vaidosa

Nas águas se vai mirar!

Nessas horas de silêncio,

De tristezas e de amor,

Eu gosto de ouvir ao longe,

Cheio de mágoa e de dor,

O sino do campanário

Que fala tão solitário

Com esse som mortuário

Que nos enche de pavor.


Então — proscrito e sozinho —

Eu solto aos ecos da serra

Suspiros dessa saudade

Que no meu peito se encerra.

Esses prantos de amargores

São prantos cheios de dores:

— Saudades — dos meus amores,

— Saudades — da minha terra!


6. Ana Cristina Cesar


Ana Cristina Cruz Cesar foi uma poeta, crítica literária, professora e tradutora brasileira, conhecida como Ana Cristina Cesar. É considerada um dos principais nomes da geração mimeógrafo, conhecida também como a literatura marginal da década de 1970.


Ela nasceu na cidade do Rio de Janeiro em 1952.


Poema Que Deslize


Onde seus olhos estão

as lupas desistem.

O túnel corre, interminável

pouco negro sem quebra

de estações.

Os passageiros nada adivinham.

Deixam correr

Não ficam negros

Deslizam na borracha

carinho discreto

pelo cansaço

que apenas se recosta

contra a transparente

escuridão.


7. Fernanda Young


Fernanda Maria Young de Carvalho Machado foi uma roteirista, escritora, apresentadora, atriz, autora e diretora brasileira.


Ela nasceu em Niterói em 1970.

Poema Crânio (Trecho)


As suas outras costelas me

encarceraram em seu plexo.

Toc-toc-toc, bati com

timidez, logo que notei

Que deveria partir.

Ninguém abriu a porta.

Pedi, chorei, arranhei seu

interno. Nada.

Você não me quis, mas me

prendeu. Você não me quis,

mas me costurou em você.


8. Fagundes Varela


Fagundes Varela foi um poeta romantista brasileiro da 2ª Geração, patrono na Academia Brasileira de Letras.


Ele nasceu em Rio Claro em 1841.


Fagundes varela poeta
Poeta Fagundes Varela (Poesia Brasileira: Jéssica Iancoski/Toma Aí Um Poema)

Poema Ideal


Não és tu quem eu amo, não és!

Nem Teresa também, nem Ciprina;

Nem Mercedes a loira, nem mesmo

A travessa e gentil Valentina.


Quem eu amo te digo, está longe;

Lá nas terras do império chinês,

Num palácio de louça vermelha

Sobre um trono de azul japonês.


Tem a cútis mais fina e brilhante

Que as bandejas de cobre luzido;

Uns olhinhos de amêndoa, voltados,

Um nariz pequenino e torcido.

Tem uns pés... oh! que pés, Santo Deus!

Mais mimosos que uns pés de criança,

Uma trança de seda e tão longa

Que a barriga das pernas alcança.

Não és tu quem eu amo, nem Laura,

Nem Mercedes, nem Lúcia, já vês;

A mulher que minh'alma idolatra

É princesa do império chinês.

(Vozes da América: poesias 1864)


9. Guimarães Junior


Luís Caetano Pereira Guimarães Júnior foi um diplomata, poeta, contista, romancista e teatrólogo brasileiro. Sua obra evoluiu do Romantismo para o Parnasianismo.


Ele nasceu na cidade do Rio de Janeiro em 1845.



Soneto Visita à Casa Paterna


Como a ave que volta ao ninho antigo,

Depois de um longo e tenebroso inverno,

Eu quis também rever o lar paterno,

O meu primeiro e virginal abrigo:

Entrei. Um gênio carinhoso e amigo,

O fantasma talvez do amor materno,

Tomou-me as mãos,—olhou-me, grave e terno,

E, passa a passo, caminhou comigo.

Era esta a sala... (Oh! se me lembro! e quanto!)

Em que da luz noturna à claridade,

Minhas irmãs e minha mãe... O pranto


Jorrou-me em ondas... Resistir quem há-de?

Uma ilusão gemia em cada canto,

Chorava em cada canto uma saudade.


(Rio, 1876)


10. Ana Maria Machado


Ana Maria Machado é uma jornalista, professora, pintora e escritora brasileira.


Ela nasceu na Cidade do Rio de Janeiro em 1941.


Poema Primeiro Mar (Trecho)

Tantas páginas lidas muito antes

Tantos livros que enchiam as estantes

Tantos heróis a povoar os sonhos

Tantos perigos, monstros tão medonhos


Nos tempos sem tevê e sem imagem

Palavras fabricavam paisagem

Tesouros, mapas, ilhas tropicais,

Argonautas, recifes de corais,

Perigos na neblina entre rochedos,

Vinte mil léguas cheias de segredos.


Histórias de naufrágio e abordagens,

Ulisses, Moby Dick, mil viagens,

Robinson, calmarias, um motim,

Descobertas, veleiros, mar sem fim.


11. Adalgisa Nery


Adalgisa Maria Feliciana Noel Cancela Ferreira, mais conhecida como Adalgisa Nery, foi uma poetisa modernista e jornalista brasileira.


Ela nasceu na cidade do Rio de Janeiro em 1905.


Adalgisa Nery poetisa
Poetisa Adalgisa Nery (Poesia Brasileira: Jéssica Iancoski/Toma Aí Um Poema)

Poema Patrimônio


Pesam nos meus ossos

Os meus pensamentos,

Choram nos meus olhos

As visões neles crescidas,

Soluçam no torpor das minhas carnes

Ancestrais desalentos.

Sangram os meus pés

Na inútil andança

Da imaginação liberta,

Pulveriza o meu espírito

A solidão do suicida ignorado

E cresce assustadoramente dentro de mim

A calmaria que precede o fim.


12. Ivan Junqueira


Ivan Junqueira foi um jornalista, poeta e crítico literário brasileiro. Era membro da Academia Brasileira de Letras.


Ele nasceu na cidade do Rio de Janeiro em 1934.


Poema Ritual


Fecho as janelas desta casa (seus corredores, seus fantasmas sua aérea arquitetura de pássaro) fecho a insônia que inundava meu quarto debruçado sobre o nada fecho as cortinas onde a larva do tempo tece agora sua praga fecho a clara algazarra plácida das vozes sangüíneas da alvorada fecho o trecho taciturno da tocata a chuva percutindo as teclas do telhado as sombras navegando pelo pátio                                                e o bambuzal Fecho as torneiras da memória Fecho também a tumultuosa torrente de vida que poderia ter rompido o cerco das paredes e feito explodir a argamassa de calcário e solidão Fecho ainda as lentas pálpebras da amada o mofo acumulado entre seus lábios o limo que vestiu sua carne desolada Fecho tudo e depois me fecho Estou cansado                  estou triste                                      estou só

 

(Os Mortos 1956-64)


13. Ronald de Carvalho


Ronald de Carvalho, foi um poeta e político brasileiro. Colaborou na edição n.º 1 da Orpheu.


Ele nasceu na cidade do Rio de Janeiro em 1893.


Poema Écloga Tropical


Entre a chuva de ouro das carambolas

e o veludo polido das jabuticabas,

sobre o gramado morno,

onde voam borboletas e besouros,

sobre o gramado lustroso

onde pulam gafanhotos de asas verdes e vermelhas,


Salta uma ronda de crianças!

O ar é todo perfume,

perfume tépido de ervas, raízes e folhagens.


O ar cheira a mel de abelhas...

E há nos olhos castanhos das crianças

a doçura e o travor das resinas selvagens,

e há nas suas vozes agudas e dissonantes

um áureo rumor de flautas, de trilos, de zumbidos

e de águas buliçosas...


(Epigramas Irônicos e Sentimentais 1922)



14. Chico Buarque


Francisco Buarque de Hollanda, mais conhecido como Chico Buarque, é um músico, dramaturgo, escritor e ator brasileiro. É conhecido por ser um dos maiores nomes da música popular brasileira.


Ele nasceu em Catete em 1944.


Chico buarque musico poeta
Músico Chico Buarque (Poesia Brasileira: Jéssica Iancoski/Toma Aí Um Poema)

Poema Sem Açúcar


Todo dia ele faz diferente

Não sei se ele volta da rua

Não sei se me traz um presente

Não sei se ele fica na sua

Talvez ele chegue sentido

Quem sabe me cobre de beijos

Ou nem me desmancha o vestido

Ou nem me adivinha os desejos

Dia ímpar tem chocolate

Dia par eu vivo de brisa

Dia útil ele me bate

Dia santo ele me alisa

Longe dele eu tremo de amor

na presença dele me calo

Eu de dia sou sua flor

Eu de noite sou seu cavalo


A cerveja dele é sagrada

A vontade dele é a mais justa

A minha paixão é piada

A sua risada me assusta

Sua boca é um cadeado

E meu corpo é uma fogueira

Enquanto ele dorme pesado

Eu rolo sozinha na esteira


15. Bruna Beber


Bruna Beber Franco Alexandrino de Lima é uma poeta e escritora brasileira. Bruna Beber colaborou, durante os anos 2000, com diversos sites e revistas impressas de literatura, poesia, música e Internet.


Ela nasceu em Duque de Caxias em 1984.

Poema Vestidos


os véus transparentes

colocados nos edifícios

em construção


— uma teia, uma túnica

de tarrafa, mosquiteiro

de berço —


não os protegem do medo

nem da morte

por despencamento


apenas invertem o processo

de chegada, estão vestidos

antes de nascerem.


16. Gilka Machado


Gilka da Costa de Melo Machado, conhecida como Gilka Machado, foi uma poeta brasileira. Seu trabalho geralmente é classificado como simbolista.


Ela nasceu na cidade do Rio de Janeiro em 1893.


Poema Retrato Fiel


Não creias nos meus retratos,

nenhum deles me revela,

ai, não me julgues assim!

Minha cara verdadeira

fugiu às penas do corpo,

ficou isenta da vida.


Toda minha faceirice

e minha vaidade toda

estão na sonora face;


naquela que não foi vista

e que paira, levitando,

em meio a um mundo de cegos.


Os meus retratos são vários

e neles não terás nunca

o meu rosto de poesia.


Não olhes os meus retratos,

nem me suponhas em mim.


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