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Manoel de Barros - Tratado geral da grandezas do ínfimo | Adaptação história infantil em áudio

  • Foto do escritor: Jéssica Iancoski
    Jéssica Iancoski
  • 8 de abr. de 2020
  • 7 min de leitura

Ele escreveu muitas poesias.


Uma delas se chama Tratado Geral das Grandezas do Ínfimo.


Este poema trata da importância das coisas "insignificantes" da vida.


Que tal ouvir o poema antes da história?


Pensando em homenagear este autor, criamos uma história infantil em áudio baseada no poema.


Nesta versão, um homem rico sem filhos cria um concurso entre crianças para deixar a sua fortuna para alguém...


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História Infantil em áudio: O Homem Rico - Manoel de Barros e Jéssica Iancoski


Era uma vez, um homem muito rico. Ele era dono de uma ilha, de um parque de diversões e de uma fábrica de chocolate. Todas as crianças sonhavam em ser filhas dele. Mas ele sempre dizia:


- Não tenho tempo para filhos! Preciso contar quantas pessoas visitaram a minha ilha, quantos ingressos o meu parque de diversões vendeu e quanto chocolate a minha fábrica produziu. Não sobra tempo para ter filhos, preciso cuidar dos negócios.


homem rico com ouro ilustração
O Homem Rico (Ilustração Infantil: Jéssica Iancoski/Histórias para Dormir)

Mas passou algum tempo, o homem rico envelheceu e já não tinha mais forças para cuidar dos seus negócios. Sem alguém para administrar, eles estavam a beira de um colapso. O homem rico percebendo isto e vendo que não faltava muito tempo para se despedir da vida, pensou:


- Puxa! Eu não tive tempo para ter filhos. Agora quem é que vai cuidar dos meus negócios? Contar quantas pessoas visitaram a ilha, quantos ingressos o parque vendeu e quanto de chocolate a fábrica produziu?!


O homem respirou. E por alguns segundos pensou que poderia ter tido um filho… Mas não pense que ele se arrependeu! Porque homens ricos não tem tempo para crianças, de jeito nenhum e menos ainda para arrependimentos. Então ele precisava encontrar alguma alternativa para os dois problemas: a falta de filhos e falta de sucessão dos negócios.


Depois de pensar muito, o homem rico teve uma ideia:


- Vou fazer um concurso! E a criança que vencer, ganhará os meus negócios. Chamem todas as crianças órfãs da cidade de 4 à 25 anos - ele ordenou - e as avisem para estarem aqui no dia 7 de Abril de 2040, exatamente às 15h, em frente ao portão da minha mansão, porque eu tenho uma decisão zilhonária para fazer! É muito importante que venham todas as crianças... Os meus negócios podem fazer qualquer criança rica para sempre!


Seguranças no portão ilustração infantil
Seguranças no portão da mansão (Ilustração Infantil: Jéssica Iancoski/Histórias para Dormir)

Passaram alguns dias e o dia 7 de Abril de 2040 chegou. Havia muitos seguranças na frente do portão, cuidando para que a ordem no concurso estivesse sempre impecável.


Então, o homem rico se aproximou e disse aos seguranças:


- Atenção! Eu mandei estarem aqui as 15h, é muito importante que vocês só deixem entrar quem chegar as crianças que chegarem exatamente neste horário, nem um minuto antes e nem um minuto depois, porque para ser um homem rico é importante ter disciplina e ser sempre pontual… E mandem esperarem no jardim!


E foi exatamente o que os guardas no portão da mansão fizeram, todas as crianças que chegaram adiantadas ou atrasadas foram mandadas de volta para as suas casas e no fim só sobraram cinco. Foram as únicas cinco crianças que pisaram no jardim da mansão.


- Andem! - o homem rico disse - quero que me respondam o motivo pelo qual vocês querem herdar os meus negócios. Começando da criança mais nova até a mais velha.


A primeira a responder foi uma criança de 4 anos, ela disse:


- Eu quero os seus negócios para mim porque acabaram de me apresentar o chocolate. Eu quero comer todo o chocolate que eu puder, então preciso ter uma fábrica.


Em seguida, respondeu uma criança de 10 anos:


- Eu quero toda a sua fortuna para mim porque acabaram de me levar à um parque de diversão e agora eu preciso de um parque para ser feliz e me divertir.


A Terceira criança foi uma de 15 anos:


- Eu preciso vencer esse concurso, porque eu odeio todos os adultos, eles não entendem que eu já posso mandar em mim. Por isso, preciso muito da sua ilha, para que eu possa ficar o dia todo isolada sem que eles me encherem o saco.


Então foi a vez da quarta criança, a qual tinha 18 anos:


- Eu acabei de completar os meus 18 anos e preciso muito da sua mansão, porque quero dar festas incríveis e ser muito popular e namorar bastante. Por isto, preciso muito que você me deixe vencer.


Por fim, era a vez da criança de 24 anos:


- Primeiramente, gostaria de dizer que eu vim porque achei estranho o convite. Por isto, gostaria de saber porque as pessoas com mais de 18 anos ainda são crianças para você…


Manoel de Barros tratado geral das grandezas do ínfimo
Homem rico e Criança de 24 anos discutindo (Ilustração Infantil: Jéssica Iancoski/Histórias para Dormir)

O homem rico fez uma cara um tanto quanto confusa e disse:


- Isto não importa! Para mim uma criança é criança até essa idade. Todo mundo concorda comigo, mas ninguém confirma isso de verdade. Eu quero saber porque você quer herdar os meus negócios, isto que importa!


- Mas eu não sei se os quero para mim - a criança de 24 anos respondeu.


- Então do que você sabe? - disse o homem rico bem irritado.


- Eu sei que a poesia está grudada nas palavras. É tudo o que eu sei! Aos 24 anos, o peso que eu carrego é o de não saber quase tudo. Por isto, não sei se quero os seus negócios para mim. Eles podem me fazer saber tudo? Porque com esta idade que eu tenho é isto que estou procurando. Eu gostaria de saber tudo...


- Não podem, mas podem te fazer uma criança rica!


- Mas isto para mim é o mesmo que nada! Não quero ser rico, eu quero encontrar as minhas respostas para uma vida feliz. O senhor foi feliz sendo rico?


- Quando se é rico você não se é feliz ou triste, você é rico, poderoso!… Oras… São coisas totalmente diferentes, não dá nem para comparar.


- Está vendo? Sobre o nada eu tenho profundidades… Não tenho conexões com a realidade. Além de que poderoso para mim não é aquele que descobre o ouro! Para mim, poderoso é aquele que descobre as insignificâncias, tanto as do do mundo, quanto as nossas. Você descobriu isso sendo rico?


- Só descobri o que importa e para mim o que importa são os negócios e você é um imbecil! Já chega, vou tomar as minhas decisões. Vão todos para a casa! - ordenou o homem rico, já que era acostumado a mandar - Mas fiquem sabendo que para cada um de vocês eu vou dar algo que é meu, mas junto vocês vão ganhar uma responsabilidade também. E se desistirem da responsabilidade, vocês também perdem o que ganharam...


Todas as crianças despediram-se e voltaram para as suas casas aguardando ansiosamente a decisão do homem rico. Exceto a última criança que não esperava mais nada, ela já estava muito emocionada, por ter sido elogiada de “imbecil” por causa de suas pequenas sentenças… Ela era realmente uma criança fraca para elogios….


Naquele mesmo dia o homem rico tomou a sua decisão:

Crianças em ordem de tamanho
Todas as Crianças (Ilustração Infantil: Jéssica Iancoski/Histórias para Dormir)

Para a criança de quatro anos, ele deixou a fábrica de chocolate porque foi o que ela pediu, mas também porque como responsabilidade ela teria que trabalhar bastante, se quisesse comer muito chocolate.


- É uma ótima decisão para os meus negócios e uma boa lição para se ensinar para um filho...


E para a criança de 10 anos, ele deixou o parque de diversões, porque foi o que ela pediu, mas também porque como responsabilidade, antes de se divertir, ela teria que passar horas administrando o parque.


- É preciso ter muita paixão até mesmo nos dias mais difíceis para isto. E essa é uma boa lição para se ensinar para um filho.


Já para a criança de 15 anos, ele deixou a ilha… Adivinha por quê? Exatamente... porque foi o que ela pediu! Mas também porque, como responsabilidade, a ilha precisava ser cuidada e em uma única pessoa não era possível fazer isto.


- As pessoas precisam da ajuda de outras pessoas e essa é uma boa lição para se ensinar à um filho.


Para a criança de 18 anos, ele deixou a mansão porque foi o que ela pediu e também porque a casa precisava de alguém. Cuidar de uma casa também dá trabalho e, como responsabilidade, quando a criança resolvesse dar uma festa, ela teria que gastar mais tempo planejando e limpando do que se divertindo. Era uma boa lição para se ensinar para um filho também.


E, por fim, para a criança de 24 anos, ele deixou todo o seu dinheiro, porque só assim ela teria tempo de pensar nas insignificâncias da vida, como havia pedido. E também porque ela perceberia que até sonhos como este precisavam ser sustentados pelos esforços de alguém. Era uma boa lição para se ensinar para um filho... E como responsabilidade, ele teria que ver se todos as outras crianças estavam cumprindo com suas responsabilidades, preenchendo documentos e protocolos para isto... Se teve algo que o homem rico aprendeu bem sendo rico é que quem trabalha demais não tem tempo para pensar e quem pensa demais não tem tempo para trabalhar. Ele queria que a criança de 24 anos aprendesse que o dinheiro tem o seu valor sim.


E foi isto o que o homem fez e com o tempo, quando todas as crianças já haviam se tornado adultas, perceberam que o fado que todas carregavam era aquilo que tinham desejado e que agora tinham… Porque toda a felicidade vem acompanhada com alguma grande responsabilidade.


Perguntas para Guiar Descoberta de Interpretações

1. Você se identificou mais com qual personagem? Por quê?

2. O que você achou dos pedidos das crianças para o Homem Rico? Você pediria o quê?

3. Você acha que ser rico é importante? Por quê?

4. Teve algo que você não gostou ou mudaria na história? O quê?

5. Você acha que as crianças foram felizes com as responsabilidades?


Lembre-se: não existe resposta certa ou errada, quando o assunto é Literatura. No máximo, opiniões e interpretações diferentes!

Procure entender o que a história desperta e não o que ela significa!


O que você achou dessa história infantil em áudio?


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