Raimundo e as Pombas | Adaptação conto infantil curto
- Jéssica Iancoski
- 18 de mar. de 2020
- 7 min de leitura
Histórias infantis são muito divertidas, mas não é só por isso que elas fazem sucesso entre as crianças.
As histórias tem o poder de traduzir os sentimentos humanos, tornando-os mais acessíveis e compreensíveis para as pessoas.
Bons contos infantis abordam assuntos que são universais e é por isto que quando uma história é de qualidade, ela é capaz de fazer sentir até mesmo os adultos.
Além de um momento de diversão e relaxamento, as histórias também são capazes de ajudar no desenvolvimento infantil e também humano.
Por isto, é muito importante que ler, ouvir e assistir histórias!
Histórias Infantis em Áudio
Crescemos ouvindo que ler histórias é importante e é mesmo! Mas você sabia que ouvir histórias também é?
Quando ouvimos histórias somos transportados para um mundo interno particular, no qual conseguimos nos encontrar e relaxar um pouco.
Normalmente, quando estamos escutando histórias, nos dispersamos momentaneamente da realidade, indo para um mundo cheio de fantasia e prazeres.
É por isto que histórias infantis em áudio também são importantes, porque nos permitem relaxar enquanto escutamos.
Ao contrário da leitura que exige um leitor ativo, a contação de histórias pressupõe um ouvinte passivo e isto é importante também!
Algo interessante desse momento é que podemos fechar os olhos para entrar mais na história e quando vimos, ops.... Não é que acabamos dormindo?
Histórias são um caminho para os sonhos :o
Projeto de contos infantis - Podcast Histórias para Dormir
Pensando que as histórias infantis em áudio são a porta de entrada para o mundo dos sonhos, surgiu o projeto de contos Podcast Histórias para Dormir.
O projeto tem como objetivo trazer histórias infantis de qualidade, as quais tratam de assuntos universais, podendo ser apreciadas tanto por adultos quanto por crianças.
Nós acreditamos que as histórias infantis não tem limite de idade e são para todos.
Por isto, pr meio de contos infantis, queremos favorecer um momento de aproximação entre adultos e crianças.
O projeto já esta na segunda temporada e tem lançado novas histórias infantis toda quarta-feira. então registre-se na nossa lista de e-mails em cima do post para não perder nenhuma história!
O principal formato contemplado são os contos infantis em áudio, mas também disponibiliza histórias ilustradas, que é o caso desse post.
Uma novidade é que as histórias são contadas com dublagem de vozes divertidas por Jéssica Iancoski!
Que tal ouvir o nosso podcast de histórias no Spotify?
Também estamos disponível em outros canais.
As Pombas - Raimundo Correia: Adaptação História para Dormir
Raimundo Correia é um escritor brasileiros, conhecido por escrever poesias.
Um dos poemas mais conhecidos dele é o Soneto As Pombas.
Antes de continuarmos, que tal conhecer o poema?
Originalmente, ele não foi escrito para as crianças, mas nós resolvemos adaptá-lo!
Pensando em homenagear o Raimundo Correia, adaptamos As Pombas para um conto infantil ilustrado.
Em nossa versão Raimundo e as Pombas, procuramos manter a temática principal que o poema evoca, mas acrescentamos elementos a história.
Na adaptação, Raimundo é um menino que gosta de observar as pombas enquanto procura entender sobre os seus sonhos e medos. Raimundo percebe que as pombas sempre tem o pombal para retornar e isto o faz refletir sobre o sentimento de segurança.
Indicação livre!
Raimundo Correia e Jéssica Iancoski - As Pombas: versão conto infantil
Desde sempre, Raimundo gostava de ir nas madrugadas para a praça, especialmente para sentar no banco e olhar o pombal. Ele podia ficar horas a fio, sentado, só observando as pombas. Raimundo se sentia meio pomba, mas não sabia muito bem o por quê.
Olhando o pombal, ele observava as pombas se movimentando e se deslumbrava com toda admiração que partia dele. Raimundo tentava atribuir um sentido ao comportamento das pombas:
- Por que as pombas são assim? Por que se mexem desse jeito? O que elas estão buscando? Da onde vem a sua paz? - Raimundo se perguntava.
Primeiro, Raimundo via uma pomba, a primeira, voando despertada para fora do pombal. Na sequência, ele via levantando voo outra mais… depois, mais outra… Enfim, dezenas de pombas saiam voando do pombal! Pareciam formar uma raia de pombas da mesma família, sequencialmente em linha reta pelo céu, nas frescas madrugadas, aos olhos de Raimundo.
Todas as pombas todas iam pelo céu guiadas pela primeira despertada, sumindo de vista, no horizonte curto da cidade.
Raimundo passava a manhã toda pensando para onde as pombas iam, o que elas tinham que fazer e qual era o sonho das pombas? Porque tão céleres ele via elas voarem, soltarem as asas e irem pelo céu, atrás dos seus sonhos.
Quando era à tarde, Raimundo sentia a rígida nortada, os ventos frios que sopram, trazendo as pombas novamente ao pombal e via elas voltarem serenas, ruflando as asas e sacudindo as penas. Elas eram tão bonitas e agitavam as suas asas tão docemente, voltando todas em bando e em revoada:
- Só as pombas podem ter esse privilégio - pensava Raimundo - o de sair do pombal e poderem voltar tão em paz, ao ninho do qual partiram, quando um vento frio e forte sopra! Como consigo ser pomba?
- Mas por que você gostaria de ser uma pomba? - uma perguntou.
- Oras, para poder voar do pombal e ter como voltar, se um vento forte me soprar de novo!
- Você está dizendo que queria poder sair da sua casa, sem medo do que virá?
- Sim! E poder voltar se algo acontecer, como vocês fazem...Por que vocês voam dos pombais?
- Um pouco nós voamos para buscar comida e o outro pouco para poder ver o dia passar.
- Como assim?
Raimundo ficou sem entender.
- Mas tirando isso vocês não fazem nada?
- Nós fazemos sim! Nós ficamos existindo.
- Como assim vocês ficam existindo?
- Antigamente, nós vivíamos nas florestas, comendo insetos, mas éramos comidas por gaviões também. Por causa disso, resolvemos procurar um lugar melhor para nós. Então, saímos em busca de comida em um lugar sem gaviões. Nós encontramos a cidade e aqui foi bom para nós. Não tem gaviões e tem muito alimento que vocês humanos deixam para trás que nós acabamos pegando. Não temos muito o que fazer, nossos sonhos eram esses, comida e um lugar bom. Então, agora, podemos existir sem o peso de um sonho e, por isto, encontramos a nossa paz enquanto pombos. Os sonhos pesam muito...
- Isso me parece interessante! Como vocês encontraram a paz? Porque os sonhos me parecem muito pesados mesmos...
- Nós aprendemos por tentativa e erro. Não sabíamos muito bem o que estávamos procurando, mas continuamos procurando mesmo assim. Se algo não estava bom para nós, estava tudo bem! Podíamos nos dar a chance de estarmos erradas e tentar outra coisa!
- Então vocês foram aprendendo e descobrindo o que era bom para vocês?
- Isso! Por tentativa e erro...
- E agora acham que encontraram o que procuravam, mesmo sem saber o que era? Como vocês sabem que encontraram a coisa certa?
- Essa é fácil! Não ficamos questionando algo que está bom para a gente e aceitamos o que nos é oferecido: o pombal, a comida, a companhia dos humanos…
- Mas por que vocês voam todos os dias do pombal e depois voltam?
- Não é porque está bom que devemos sossegar aqui, vários dias tranquilos podem ser monótonos. E, no fundo, o que nós queríamos mesmo era voltar para a floresta, mas já entendemos que nem todo sonho é um desejo... Mas também há outra coisa, nós amamos voar de novo para o pombal porque mesmo não sendo a nossa casa de verdade, ele é. Então, como retornaríamos para ele se nunca saíssemos dele?
Raimundo, sentado no banco, aguardando a noite escurecer, ficou pensando nas pombas e no que elas haviam falado dos sonhos. As pombas pareciam não ter outros sonhos, senão um lugar com alimento e sem gaviões. Mas, ao mesmo tempo, ainda desejavam a floresta, sem sonhar com ela.
Elas também tinham falado que os sonhos pesavam e isto fazia sentido para Raimundo e Raimundo não entendia muito bem isso, porque continuava sentindo os seus sonhos nascerem em seu coração e também saírem voando, um a um, com tanta velocidade, céleres, como voam as pombas dos pombais. Raimundo passou a achar que talvez ele não fosse meio pombo, mas que os seus sonhos sim. Pois quando o céu estava azul, lembrando a adolescência, eles soltavam as suas asas e pareciam fugiam.
Raimundo ficava triste com isto, pois ele não sabia porque as pombas voltavam aos pombais, enquanto os seus sonhos não voltavam mais ao seu coração. Por um tempo, ele achou que era porque ele também não podia retornar à sua origem, até que ele entendeu o que a pomba disse:
- Eu posso voltar para a casa, desde que eu consiga aceitar que na busca pelo o meu sonho, eu possa tomar decisões erradas e estando errado, eu posso ir na tentativa e no erro, sem que isto seja tão pesado, como as pombas fazem ao voar serenas; e assim encontrar o meu próprio caminho de volta para aquilo que me traz paz. As pombas não retornaram à floresta, assim como eu também não posso retornar ao começo de tudo, mas encontrando aquilo que me serve de pombal, sempre posso voltar quando soprar uma rígida nortada.
E foi isto que Raimundo fez: procurou um pombal para que tivesse um abrigo, para quando os ventos fortes soprassem… Assim, ele pode perseguir os seus sonhos, sem ligar com o peso ou tamanho deles.
Perguntas para Guiar Descoberta de Interpretações
1. O que você achou de Raimundo?
2. E das pombas?
3. O que você acha que Raimundo esta sentindo?
4. Você acha que os sonhos podem ser um peso?
5. O pombal na história é um lugar seguro para qual se pode voltar sempre. Você tem algum lugar assim? Qual?
Lembre-se: não existe resposta certa ou errada, quando o assunto é Literatura. No máximo, opiniões e interpretações diferentes!
Procure entender o que a história desperta e não o que ela significa!
Eai? Conte pra gente, o que achou essa história!
Quer conhecer o poema que motivou este conto infantil curto?
Você pode escutá-lo no nosso video Raimundo Correia - As Pombas =P
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